a regiao
Find more about Weather in Itabuna, BZ
esther flige
13.Agosto.2019

Fligê começa quinta lembrando Castro Alves

durante todas as suas atividades. A quarta edição da Feira Literária de Mucugê - Fligê transforma a Chapada Diamantina em território da literatura e, nesse ano, mais ainda da poesia, por homenagear o poeta baiano que inspirou gerações.

Até domingo (18), a cidade histórica de Mucugê estará repleta de escritoras, escritores e um público apaixonado por livros. A curadora da Fligê, Ester Figueiredo, conta os detalhes da homenagem e sobre da programação deste ano, que terá forte presença de autores baianos.

Por que a Fligê resolveu homenagear Castro Alves?

Castro Alves sempre foi um intenção curatorial da Fligê. Para esta edição de 2019, optamos por representá-lo como o escritor de vida breve e longa existência, sob o aporte de sua dimensão do poeta abolicionista, do poeta romântico, do autor de textos teatrais, do performer e outras faces de sua produção.

Como é possível falar de Castro Alves na atualidade?

A biografia e obra literária de Castro Alves são inspiração para reinterpretar os navios negreiros da atualidade, as diásporas do fluxo de refugiados, apátridas que atravessam fronteiras terrestres e marítimas em busca de um pouso e vida dignos.

Se vivo fosse, Castro Alves cantaria “Diáspora” dos Tribalistas, “Caravanas” de Chico Buarque... Seu verso “Sê livre, és gigante”, expressão central desta Fligê, é a tradução de que a liberdade é o maior direito humano e esse direito encontra na literatura a mobilização para interpretarmos os estados de exceção, restrição e cerceamento da criação e da vida.

Mais do que essa dimensão politica e afetiva, há uma estética em Castro Alves de ilumina afrofuturos e outros pertencimentos sociais, que serão apresentados no programa geral da Fligê, em abordagens da pessoa e a natureza, da pessoa e a sociedade.

Para isso, a presença de Castro Alves, além da cenografia, expografia e videoinstalação, se fará na programação nas conversas com escritores baianos que inspiram-se na sua fortuna, bem como na Fligêzinha, na peça “Céceu, o poeta do céu”, adaptado do livro da escritora baiana Adelice Sousa.

E como foi concebida a programação da Fligê 2019?

O conjunto da programação foi projetado para o encontro do público infantil e adulto com a obra de Castro Alves. Temos público para tudo e toda diversa programação. Será um encontro de vivências e experiências sob o tapete literário deste escritor baiano.

Castro Alves transita em duas dimensões: o homem que se eternizou jovem e o jovem que fez-se adulto na sociedade do século XIV. Muitos do contexto dessa época é atualizado, embora tenhamos que realizar uma leitura crítica desse homem em seu tempo.

Tivemos uma preocupação de mapear escritores e escritoras baianas que tomam Castro Alves como mote. Assim, temos Saulo Dourado, Edvard Passos, Adelice Sousa e Breno Fernandes, que exploram traços biográficos e ou históricos e ficcionais de Castro Alves.

O que mudou na Fligê nesses quatro anos?

Já há uma aderência da comunidade do entorno da Chapada Diamantina com a Fligê. A circulação do conhecimento literário é visível, tanto durante a Fligê, como após a sua realização. Para esta edição, acolhemos casas parceiras e dispomos, com mais extensão, artes cênicas.

A mistura de linguagens artísticas e gêneros literários com a obra do homenageado sempre foi um tecido da linha curatorial da Fligê. É feira e não festa porque os cenários discursivos se encontram na etnografia de uma feira do interior, onde a troca, os pedidos, o troco e as cores são reverberações da cultura do lugar.

É o único evento literário nacional que possui um selo de publicação: o Selo Fligê, em coedição com a Alba Cultural. Nesta edição, acredito que consolida-se essa iniciativa. Reafirmo que a Fligê se assenta, também, em educação literária.

É desafiante formar leitores e leitoras, formar público participante, que esteja presente no evento como um aprendiz ativo e criativo. A educação literária é uma prática cultural, de natureza artística e criativa, e se exercita em todas as etapas da vida humana.

Quais os principais destaques da programação desta edição?

É difícil responder essa pergunta, quando se projetou uma linha curatorial a partir da exploração da obra do homenageado, tanto no que já se acumulou como memória literária, como no desfio de atualizar.

No âmbito da circulação e mercado editorial, as presenças de dois escritores premiados, o Mailson Furtado, prêmio Jabuti 2018 de livro e poesia, e o Itamar Vieira Júnior, prêmio Leya 2018, são oportunidade para o público dialogar com expressões da literatura brasileira.

Escritoras como Jarid Arraes e Noemi Jaffe também estão na programação em conversas e lançamentos de livros. Destacamos, ainda, a apresentação aos diferentes públicos da Fligê, a obra de Castro Alves em textos cênicos, orais escritos, iconografias, espetáculos, expografias, filmes...

Havia o nosso desejo de encontrar um homenageado que inserisse e tivesse aderência com a juventude. Castro Alves foi a escolha, pois é um escritor que gritou, ainda jovem, ideais que permanecem e precisam ser reverberados.

Gostou? Repasse...



Esse jornal é importante para voce?

Não recebemos dinheiro de políticos que querem ser elogiados. Não recebemos dinheiro de corruptos que querem ser protegidos. Não recebemos dinheiro de igrejas. Não lavamos dinheiro para bandidos.

Cada centavo necessário para manter o jornal A Região circulando impresso e atualizado todo dia na internet vem de nossos apoiadores e anunciantes, que são poucos.

Por isso queremos sua parceria, sua ajuda para não fechar. Ajude doando qualquer quantia neste link ou por transferência para Bradesco, ag 0239-9, cc 62.947-2, em nome de A Região Editora Ltda, CNPJ 96.770.516/0001-94.

É rápido e fácil. E mantém viva uma voz contra os corruptos.