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delegado mastique
2.Maio.2019

Ao depor, policial acusa PM de executar delegado

Carlos Mastique (foto) com um tiro no peito, na madrugada de domingo passado. No áudio, obtido com exclusividade pelo jornal A Região, o investigador diz que "ainda tenta se refazer e apagar da memória as imagens do ocorrido".

Ele conta que, por volta de 2h40 de sábado para domingo, ele e Mastique estavam na avenida Aziz Maron, centro de Itabuna, quando uma jovem pediu socorro para a amiga, que estava sendo agredida. Os dois foram ao local, onde encontraram seis pessoas.

O investigador conteve quatro delas, enquanto Mastique tentava contar o agressor da mulher. "Pedi que todos encostassem na parede, avisando que era polícia. O cidadão que estava agredindo permaneceu agredindo e o delegado Mastique se dirigiu a ele, contendo a agressão".

O agressor foi identificado como um policial militar à paisana, por isso Mastique ligou para o 190 e pediu o apoio da PM. A viatura chegou rápido mas, ao invés de tomar conhecimento da agressão do PM, mandou o delegado e o investigador deitar no chão, numa abordagem usada para bandidos.

"O cabo da Polícia Militar, do 15º batalhão aproximou-se, tomou a pistola do delegado, que estava na cintura, e pediu que ele se afastasse". Vendo a situação se agravar, o policial civil pegou sua identificação de policial e entregou a um PM.

Momento do homicídio

Neste momento ele diz que escutou o PM dizer "sai da frente soldado" e escutou o tiro. Ao se virar, viu o delegado Mastique no chão, baleado. "Olhei para os policiais e disse 'olha a merda que voces fizeram, atiraram em um delegado de polícia. Por favor, dê socorro a ele'".

Eles mandaram que o policial deitasse no chão. "Eu resisti, eles tornaram a insistir. Sem alternativa, eu deitei e foi solicitado que entregasse minha arma. Eu disse que ela estava na cintura e eles teriam que retirar, porque eu não teria condições de fazê-lo".

"Neste momento, me foi dado voz de prisão e retiraram a pistola. Eu insisti que dessem socorro ao delegado, que estava morrendo. Me levantei, mesmo com eles dizendo para deitar novamente, e fui até o delegado, que ainda tinha pulsação".

O investigador pediu que socorressem o delegado, mas foi obrigado a deitar no chão de novo. Um tenente PM chegou ao local e perguntou quem ele era. "Disse que eu era um policial civil e que minha identificação já se encontrava com os policiais, e pedi que desse socorro ao delegado".

O PM alegou que já tinha pedido socorro, mas o investigador lembrou que o Samu iria demorar e pediu novamente para que levassem Mastique a um hospital. Depois de muita insistência, o delegado foi "arrastado pelas pernas pelos PMs" e colocado em uma viatura.

Suspeita na delegacia

Na delegacia, mais atitudes suspeitas, segundo o agente da polícia civil. "Nao fizeram minha apresentação e tentaram me manter dentro do veículo o tempo todo". Ele conta que chamou um colega de Itabuna e pediu para que ele acompanhasse os PMs o tempo todo.

"Queria evitar uma possível fraude, disparando a arma dele ou a do delegado para simular um confronto. Graças a Deus isso não aconteceu. Em nenhum momento me colocaram na ocorrência. Nem o PM à paisana nem as pessoas que estavam no local foram conduzidos para a delegacia".

O policial é taxativo sobre a ocorrẽncia: "Não vejo isso com uma ação policial desastrosa e sim como uma execução". "O delegado tomou um tiro no peito esquerdo e eu fiquei ali, impossibilitado de fazer o revide da injusta agressão".

"A única coisa que nós temos são as câmeras de de vigilância. Pedi para o delegado que me deu apoio, juntamente com os policiais civis, que fossem buscar essas câmeras para que as imagens não desaparecessem".

A PM alega que foi ao local para separar uma briga e que, ao pedir a arma do delegado (ele ainda dentro do carro), ele teria feito menção de atirar. O jornal A Região observa que o depoimento gravado foi enviado por uma fonte e não é oficial.

Para A Região, a SSP-BA deveria divulgar as imagens das câmeras de segurança, que podem mostrar qual é a versão verdadeira.

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