Rui Costa sabia do pagamento antecipado

O governador baiano Rui Costa (PT) deu à Polícia Federal a desculpa esfarrapada de não saber que havia pago R$ 48 milhões adiantados a uma empresa de produtos de maconha, a HempCare, porque não tinha “pleno domínio do inglês”. Porém a mentira é desmentida com documentos.

O contrato passou pelas mãos e recebeu o aval da Procuradoria Geral da Bahia, diretamente subordinada ao governador. O despacho foi assinado pela procuradora-geral Aline Nunes, e é datado de 7 de abril de 2020. Os respiradores, adquiridos a peso de ouro, nunca foram entregues.

A própria Procuradoria destacou que a HempCare pretendia o pagamento adiantado pelos respiradores e aprovou a medida. Barbara Camardelli, procuradora chefe, avalizou a antecipação. Mas o maior crime foi que o pagamento saiu antes da assinatura do contrato.

A HempCare, contratada para fornecer 300 respiradores sem nunca ter fabricado este tipo de produto, só tinha 10 meses de criada na época. Ela foi registrada em junho de 2019. A empresa, que vende produtos à base de maconha, tem como endereço um apartamento em condomínio residencial de luxo do Morumbi, em São Paulo.

Em depoimento à Polícia Federal, a dona da HempCare denunciou que o então chefe da Casa Civil do Governador, Bruno Dauster, pediu que o preço dos respiradores fosse superfaturado para viabilizar o pagamento de propina a ele e a um amigo advogado, que seria contratado como intermediário. A PF apura a acusação.

Daulter era o homem de confiança de Rui Costa e foi indicado por ele para adminsitrar a compra dos respiradores em nome do Consórcio Nordeste, na época presidido pelo governador da Bahia. Os dois foram indiciados pela CPI dos Respiradores da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

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