73% das crianças ainda não sabem ler

Um diagnóstico com cerca de 250 mil estudantes do 2º ano do Fundamental, em 10 estados, identificou que a pandemia teve impacto significativo na dificuldade de leitura. Em 2019, segundo a Avaliação Amostral de 2º ano do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), quase 50% das crianças deste ano eram “pré-leitoras”.

Ou seja, conseguiam ler, no máximo, 9 palavras por minuto. Já em 2021, esse número pode ser muito maior: nos 10 estados onde houve a avaliação de fluência leitora, 73% das crianças ainda não conseguem ler. O estudo é da Fundação Lemann, Instituto Natura e Associação Bem Comum, em conjunto com os governos estaduais.

Na avaliação de fluência leitora, os alunos foram distribuídos em três níveis. No “pré-leitor”, o aluno não consegue ler, ou lê, no máximo, 9 palavras em um minuto. No “leitor iniciante”, lê entre 10 e 60 palavras e pseudo palavras (palavras inventadas) em um minuto. Já no “leitor fluente”, além das palavras e pseudo palavras, lê textos com fluência.

Apenas 7% das crianças do 2º ano nos estados avaliados foram consideradas leitoras fluentes e 20% leitoras iniciantes, explica Maurício Holanda, da ABC. “Era, e ainda é, preciso alertar estados e municípios para a gravidade da situação e apoiá-los na construção de caminhos para sua superação".

"A PARC é uma proposta de cooperação técnica para que estes dez estados implementem uma série de medidas no sentido de estabelecerem parcerias com seus municípios para que juntos enfrentem o problema”, diz Veveu Arruda, Diretor Executivo da Associação Bem Comum.

A avaliação foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2021 e teve como objetivos estabelecer um marco do atual nível de leitura, depois dos piores efeitos da pandemia, e usar as informações para definir estratégias de redução dos prejuízos sofridos pelas crianças.

Dos 10 estados avaliados, apenas quatro tinham feito o mesmo diagnóstico em 2019. Naquele ano, antes da pandemia, a soma de crianças “pré-leitoras” nesses quatro estados era de 52% dos alunos de 2º ano, enquanto 10% eram “leitores fluentes”.

Os dados comparativos revelam forte impacto da pandemia. Para as crianças em idade de alfabetização, o fechamento das escolas sem que houvesse outros recursos para substituir as aulas consistiu em um agravante. É possível assumir que esse mesmo efeito se deu por todo o Brasil.

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