Itabuna precisa rever as medidas
A Prefeitura de Itabuna, cidade onde só ocorreu um caso de coronavirus, importado de São Paulo, tomou medidas extremas que, se por um lado ajudam a combater o virus, de outro paralisou setores essenciais e prejudicou a vida de muitas pessoas.
O fechamento dos bancos "prendeu" o dinheiro das empresas, empregados, aposentados, pensionistas, autônomos, profissionais liberais. Empresas ficaram sem caixa para pagar salários e despesas básicas, podendo ter a energia, água, telefone e internet cortadas por falta de pagamento.
Sem salários, os funcionários estão na mesma situação, guardando o que sobrou de dinheiro para alimentos. O fechamento das indústrias prejudica o abastecimento da cidade e o do comércio é criticado por quem mais entende desta crise, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
Ele afirmou que as restrições impostas por alguns municípios, como o fechamento do comércio, são péssimas para o setor de saúde. "Tem médicos fechando consultórios. Daqui a pouco estou lá cuidando de um vírus, mas cadê o pré-natal? Cadê o cara que está fazendo a quimioterapia?".
"Não dá para chegar e dizer o que é essencial. Se precisar de um mecânico para consertar uma ambulância, ele é o mais essencial naquele momento", afirmou. O mesmo pode ser dito sobre peças para as ambulâncias e lanches para o pessoal da saúde. Cuidadores de idosos não podem pegar ônibus para cumprir sua função. O que acontece com eles?
Muitos enfermeiros que dependem do transporte público estão sendo obrigados a gastar com táxi para trabalhar. A Prefeitura também falhou em informar ao Estado que boa parte da população de Itabuna trabalha em Ilhéus e vice-versa, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos de Saúde. Mas os ônibus estão proibidos de ligar as duas cidadea.
A falta de transporte e de bancos prejudica setores igualmente essenciais, como o de comunicação. As rádios, tevês, jornais e sites são imprescindíveis para divulgar as medidas e determinações das autoridades de Saúde, assim como explicar a doença para a população e orientar sobre cuidados básicos.
O jornal A Região teve que suspender a edição impressa, porque seus fornecedores estão fechados. A Morena FM montou um esquema alternativo para garantir o transporte dos locutores. "Demos um jeito, mas é um custo a mais num momento em que os clientes estão inseguros, muitos suspendendo sua mídia", comenta Marcel Leal, CEO.
Eletricistas, encanadores, técnicos de ar condicionado, seguranças e garis, para ficar em alguns exemplos, são necessários para emergências, inclusive nas unidades de Saúde. Se a pessoa tiver um vazamento de água em casa não poderá comprar o reparo. Se queimar um disjuntor, fica no escuro. Se quebrar a geladeira, não pode comprar outra e perde a comida.
O fechamento indiscriminado do comércio e dos bancos precisa ser revisto pela Prefeitura, assim como é necessário que pelo menos uma parte da frota de ônibus seja colocada de volta nas ruas. As entidades de classe até sugeriram restringir o horário de funcionamento do comércio, mas foram ignoradas.