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4.Janeiro.2021

"Escolas particulares só sobreviverão se mudarem"

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alertam especialistas após o anúncio do Ministério da Educação (MEC), permitindo que as aulas continuem remotas enquanto durar a pandemia. As escolas particulares passaram a enfrentar uma debandada dos alunos em todo o País. O Grupo Rabbit fez pesquisa com mais de 1.400 escolas e 435 mil alunos, apontando queda de 30% na rematrícula.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, a transferência de alunos dos colégios particulares para a rede pública cresceu mais de 10 vezes em relação ao ano anterior. O movimento é idêntico em todo o País.

“Com a perda de renda das famílias, a saída dos alunos da rede privada está ocorrendo porque as escolas particulares não estão entregando uma educação adequada”, explica Ismael Rocha, doutor em educação e diretor acadêmico do Institute of Technology and Education (Iteduc), especialista em ensino híbrido e digital.

Aulas inadequadas

“Sabemos que o ensino a distância necessita de didática específica, sendo que a lição de casa não está sendo feita da forma adequada pela gestão das escolas.” O resultado são alunos das escolas particulares perdendo o interesse pelas aulas e apoiados pelos seus pais que, por sua vez, agora acompanham de perto a situação.

Em resposta ao problema, as famílias buscam alternativas mais baratas ou decidem migrar de vez para a rede pública de ensino. A pergunta que fica, para Ismael, é como as escolas particulares sobreviverão a este cenário. Para ele, a realidade seria diferente se o ensino remoto não tivesse sido negligenciado.

“Nas poucas escolas que conseguiram fazer esse ajuste para a dinâmica do virtual, os pais estão preferindo manter os filhos nesses locais, pois consideram que o esforço está valendo a pena”. Porém, a capacitação ainda acontece como exceção. “A grande maioria dos professores apenas ligou a câmera e deu aulas expositivas, o que não funciona”.

Nova metodologia de aula

Ismael explica que, embora os alunos sejam nativos digitais, a maior parte dos professores não é. “Esses profissionais ainda desconhecem a abordagem correta para usar as tecnologias como recurso pedagógico”. Para reverter o cenário de crise, só adequando o ensino à realidade dos alunos, diz o diretor do Iteduc.

“Os gestores de escolas particulares devem priorizar a capacitação dos professores, que devem estar aptos a conduzir aulas mais dinâmicas e envolventes, dentro de uma proposta contemporânea”. Segundo o especialista, a formação dos professores com foco no engajamento dos alunos será decisiva para a sobrevivência das escolas.

As prioridades das escolas particulares também tenderão a mudar. “A tendência é o foco se voltar para a conquista do maior engajamento dos alunos para o aprendizado, e não mais na estrutura física das instalações, por exemplo".

Outro ponto importante levantado por Rocha é a necessidade de uma mudança de postura pelo professor, que deve assumir papel de mediador. “Por mais que os alunos tenham familiaridade com tecnologias, é importante que o mestre faça a curadoria e a mediação dos conteúdos e abrace seu papel de tutor”.


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