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21.Setembro.2002

"Eleição é instrumento de combater injustiças, corrupção e impunidade"

prega D. Mauro Montagnoli, 57 anos de idade, 38 de atividade religiosa e 6 anos e 9 meses como bispo diocesano de Ilhéus. O chefe da Igreja Católica em Ilhéus ao analisar a Cartilha Política da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mostra um quadro social claramente desfavorável às camadas mais pobres da população nordestina, mas é otimista quanto às soluções dizendo que é possível reverter a situação, desde que os recursos públicos sejam corretamente utilizados.
       D. Mauro entende que a busca de investimento externo é somente para aumentar a receita financeira, e que se esses recursos fossem aplicados na produção o Brasil criaria condições para alimentar toda a população de deserdados sociais. Ele também deplora que os alimentos sejam vistos no mercado como uma mercadoria igual a qualquer outra, o que é um absurdo pois o alimento é um direito do ser humano, não pode ser item de negócio.
       O bispo de Ilhéus deixa claro que as análises sobre as eleições têm se sucedido entre os católicos, mas que a Igreja de Roma, seguindo um costume já antigo, não recomenda nenhum nome ao eleitor. Nós apenas apresentamos princípios, e a partir daí depende de cada pessoa analisar a vida do candidato, saber realmente quem ele é e quais suas propostas, para depois fazer sua opção, esclarece. D. Mauro Montagnoli diz que depende de cada eleitor avaliar se o candidato escolhido está ou não contra o projeto nacional da Igreja, cujos valores fundamentais se resumem na defesa da vida.
       A seguir, os principais trechos da entrevista a Sabrina de Branco:

       A Região - O que é em síntese, a Cartilha Política da CNBB, distribuída este ano nas paróquias da Bahia e Sergipe?
D. Mauro Montagnoli - Essa cartilha é uma tentativa de esclarecimento da população a respeito das próximas eleições, e os critérios que a Igreja apresenta para ajudar os eleitores a escolher os seus candidatos. É um resumo e uma aplicação de um documento maior da CNBB chamado Eleições 2002, publicado ano passado.

AR - O senhor considera este trabalho um dever da Igreja?
MM - A Igreja católica se sente na obrigação de ajudar os seus fiéis e a população em geral a refletir sobre a situação nacional e dar indicações de como podem ser encaminhadas as soluções para os problemas. A cartilha é uma forma de apresentar essas propostas de reflexão.

AR - A cartilha alerta que é necessário votar bem. Quais as conseqüências de votar mal?
MM - Nós sabemos que se não votamos bem, corremos o risco de não ter representantes fidedignos nos vários instantes. O voto tem conseqüências nesse sentido. Se colocarmos no governo pessoas não comprometidas com as pautas do povo, depois teremos que amargar por um bom tempo. Sabemos que a corrupção e a impunidade, são conseqüências da escolha mal feita nas urnas.

AR - E como seria votar bem, de acordo com a CNBB?
MM - A CNBB insiste com esses documentos que é preciso ter um projeto nacional para o país. Os valores fundamentais se resumem na defesa da vida, tudo aquilo que defende a vida humana. Por isso a execução de políticas públicas que venham dar educação, melhor saúde para o povo, moradia, empregos. O projeto nacional engloba a busca de soluções para responder a esse princípio básico: a defesa da vida.

AR - Quais são as prioridades do projeto nacional da Igreja?
MM - O projeto da CNBB apresenta três prioridades: acabar com a fome, garantir o respeito aos direitos humanos e a proposta de um modelo de desenvolvimento sustentável, que dê uma qualidade de vida para todos e respeite o meio-ambiente. A Igreja apresenta o projeto e espera que os políticos comprometidos com a causa popular realmente lutem a favor deles.

AR - Filosoficamente, do ponto de vista ético, em que se baseia esse projeto político da CNBB?
MM - O princípio ético fundamental do projeto é a defesa da vida através da aplicação de políticas públicas, no qual está baseado o julgamento de qualquer sistema político, social e econômico. Todo candidato deveria ter esse projeto político. Os candidatos que têm esse projeto estão dentro daquilo que a Igreja está esperando.

AR - O senhor já tem um perfil de candidato a ser recomendado aos paroquianos de Ilhéus?
MM - A Igreja católica não recomenda nenhum candidato, nós não temos esse costume. Nós apenas apresentamos princípios, e a partir daí depende de cada pessoa analisar a vida do candidato, saber realmente quem ele é e quais suas propostas, para depois fazer sua opção. Depende dos eleitores saber identificar aqueles candidatos que estão contra esse projeto nacional, que nós sabemos que não buscarão esses princípios fundamentais da defesa da vida.

AR - É fundamental examinar o projeto político...
MM - É preciso eleger um candidato que tenha projetos de maior consistência na defesa dos interesses, não de grupos, porque acontece muito de o candidato representar grupos, setores da sociedade, e também seus próprios interesses. Então é preciso que os eleitores não se deixem levar por falsas impressões e saibam escolher aqueles que estão comprometidos com a causa maior, que é a soberania do país, a erradicação da miséria, da fome, mais segurança, etc.

AR - A cartilha reedita recomendações da CNBB em outras eleições ou é muito inovadora?
MM - Cada eleição tem as suas peculiaridades, suas características próprias. Existem os princípios básicos, que não são alterados, mas em cada situação são buscadas novas soluções, como no caso deste ano, com a questão do neoliberalismo, do modelo econômico, que são situações mais atuais. Nós tentamos esclarecer essas questões, havendo portanto uma certa mudança, um dinamismo maior.

AR - A Igreja recomenda a denúncia de candidatos que compram votos...
MM - Na verdade, existe a lei 9.840/99 que trata da corrupção eleitoral, sancionada graças à iniciativa popular, que teve a parceria da CNBB na luta para a aprovação dessa lei. Então não é a Igreja que faz essa cobrança e sim a própria lei, que procura evitar a corrupção eleitoral, a compra de votos, esses desmandos que nós sabemos que existem, principalmente entre a população menos esclarecida do nosso país.

AR - A CNBB tem algum mecanismo para acompanhar o processo eleitoral?
MM - Ela participa através da Comissão Brasileira Justiça e Paz, que é um órgão da CNBB, junto ao Tribunal Superior Eleitoral e aos tribunais regionais eleitorais para ajudar na fiscalização, juntamente com outras entidades como a OAB. Estão sendo formados comitês, chamados de 9840, que são pessoas que estão procurando estar juntas aos juízes eleitorais, para fazer valer a lei.

AR - A Cartilha também denuncia uma dura realidade social na Bahia e Sergipe...
MM - O documento parte da realidade, da visão da situação da Bahia, da fome e da falta de condições do povo, e as eleições são instrumentos de se combater as injustiças sociais, a concentração de renda e terra nas mãos de poucos. É o instrumento que nós temos para reverter essa situação. Se votarmos em candidatos comprometidos com as políticas públicas, com a reforma agrária e o pequeno agricultor, podemos esperar que melhore essa situação calamitosa em que vive o nosso povo.

AR - O senhor acredita ser possível mudar esse quadro de miséria, fome e violência reinante na região Nordeste?
MM - Nós temos condição de mudar isso, sim. O país tem recursos financeiros, não é necessário utilizar recursos externos para isso. O que está acontecendo hoje, é que como vivemos com esse capitalismo de mercado, a busca de investimento externo é somente para aumentar a receita financeira. Se esses investimentos fossem aplicados na produção teríamos condições de dar de comer para todo o povo, pode até sobrar...

AR - ... sobrar?
MM - Sim, pois nós temos alimentos suficientes, o que falta é distribuição. A população não tem meios para comprar alimentos, que passam a ser vistos como uma mercadoria igual a qualquer outra, o que é um absurdo, pois o alimento é um direito do ser humano, não pode ser item de negócio. O Brasil tem condição, basta ter um dirigente sério, honesto, comprometido com a causa do povo.

AR - As eleições têm sido discutidas suficientemente dentro da Igreja?
MM - Têm havido seminários, encontros nas paróquias, até mesmo com a presença de candidatos. Algumas paróquias têm promovido debates com os candidatos a partir dos princípios apresentados na cartilha. A própria cartilha apresenta três encontros de reflexão que são usados como ciclo bíblico e isso tem ajudado bastante o eleitorado.

AR - O senhor acha que a maioria dos eleitores já tem seu voto definido?
MM - Eu acho que tem, mas infelizmente muitas pessoas não mudam os seus votos, têm um candidato eterno, ou seja, nem procuram analisar as propostas dos outros candidatos. A expectativa da Igreja é de que haja maior conscientização do povo para que se possa escolher melhores dirigentes.

 

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