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Luiz Thadeu
27.Abril.2024

Café da manhã, diálogo com eletrodomésticos


Bom dia, caro leitor, amiga leitora, acordei pensativo, e um tanto macambúzio.

Não está fácil pra ninguém…

Estamos atravessando tempos difíceis e não sabemos o que vem pela frente. Guerras por todo lado; brigas, discórdias, querelas, qüiproquós, destruição, morte. Deu a louca no mundo. Mas pra que tudo isso? Tudo por dinheiro. Nem “tio Paulo” pode morrer em paz. Sentado em uma cadeira de rodas, cor pálida, boca aberta, magreza do corpo desnutrido, é a imagem dessa ruína. A morte é feia. Levaram-o a uma agência bancária atrás de 17 mil reais, com desculpa de comprar um TV e reformar o barraco. Após muita querela, no sábado, enterraram “tio Paulo”. Menos um na tormenta da vida. Descanse em paz.

Não é fácil, mas é necessário mantermos a calma e sabedoria para enfrentar os problemas imprevistos.

Eu estava conversando sobre isto, relatando minhas angústias com o microondas e a torradeira, enquanto tomava o meu café da manhã; e eles concordaram comigo.

Não comentei nada com a máquina de lavar, porque ela enrola tudo; muito menos com a geladeira pois ela é muito fria. Não está nem aí para acontece no mundo.

Já o liquidificador fez um barulho para processar tudo isso. Porém o ferro de engomar me acalmou, dizendo que tudo vai passar... A cafeteira apitou, avisando que o café estava passado.

Duck, fiel companheiro, sentado ao meu lado, que lê pensamento, disse que concorda comigo... e estará sempre por perto para vencermos juntos esse mundo cão.

A gente chora, para não sufocar. A gente grita, para não enlouquecer de vez. A gente finge, para manter a paz externa. A gente inventa, para não morrer de tédio. A gente segue acreditando que ainda vale a pena, que ainda existe algo ou alguém por quem continuar. Viver é assim mesmo, dias sim.. e dias não.. até o fim.

“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso ― o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.” João Guimarães Rosa

Agora, vou tomar meu Rivotril e seguir em frente; ver no vai dar. Mas não tá fácil.

 

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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