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morena fm
11.Novembro.2017

Um CD histórico


cd jupara Se tem uma coisa que deu trabalho, essa foi o primeiro CD Jupará. O ano era 1995, CD ainda não estava em todas as casas e só grandes gravadoras podiam prensar. A única fábrica de CDs na época, a Microservice, não atendia pequenas prensagens. Ou seja, a chance era pequena.

Mas eu estava decidido a fazer um CD com as músicas dos artistas grapiúnas, já transformadas em sucesso tocando na Morena FM. As faixas já existiam em material digital, gravado no MM Studios com arranjos de Hugo Andrade, bastando escolher.

Fui cinco vezes a São Paulo conversar com uma revenda da Microservice, até que ela aceitou fazer uma tiragem de 2 mil discos e 20 faixas (existia um limite de 12 faixas por disco). Não foi pouca coisa. O Jupará foi o primeiro CD independente do país e a primeira coletânea regional já feita.

Depois de convencer a Microservice, veio a produção. Primeiro tínhamos que masterizar todas as faixas, mas isso custava uma fortuna na época, uns R$ 2 mil por faixa. O jeito foi equalizar cada uma da melhor maneira possível no estúdio da Morena FM.

Outro problema era a capa e contracapa, já que não existia um modelo. Tive que medir as de um CD e montar um modelo no computador. O layout eu já tinha, com uma foto de barcaça de cacau, simbolo de nossa região. O disco tinha dois diferenciais.

O primeiro é que os CDs eram numerados, virando item de colecionador. O segundo era o slogan, “Um lado da Bahia que você não conhece”, voltado para divulgar fora daqui, onde a imagem que se tinha da música da Bahia era só axé e brega. A MPB do Jupará surpreendeu todo mundo por ser MPB feita na Bahia.

Com as capas já prontas, colocamos as músicas em uma fita DAT (Digital Audio Tape) e enviamos para a Microservice. Deu problema. As fitas DAT dependiam de ajuste igual entre os aparelhos, o que não aconteceu. Tivemos que gravar de novo até acertar.

Para viabilizar a prensagem, tínhamos que arranjar patrocinadores, mas sem o disco isso não era possível. A solução foi vender lotes de 100 CDs para empresas, pagos antecipadamente. Cada CD do lote vinha com uma propaganda da empresa ocupando a contracapa. Deu certo.

Várias empresas abraçaram a ideia e depois deram o CD de brinde para os clientes, como Águia Branca, Posto Universal, Unimed e Lap Laboratório. Cada músico recebeu discos para promover seu trabalho, 300 foram enviados para rádios e meios da imprensa e o resto vendemos para viabilizar o segundo.

É impossível descrever o que senti ao receber as caixas com o CD, símbolo da qualidade da cultura sulbaiana, que ganhou um registro permanente e um instrumento de divulgação. O lançamento foi em duas etapas. Uma foi a entrega aos músicos (na foto, eu e Missinho Mendes, do MM Studios).

A segunda foi um show antológico e fantástico, absolutamente lotado, onde os artistas apresentaram as músicas ao vivo e terminaram aplaudidos de pé. Nascia ali uma série de 6 discos 100% grapiunas, uma editora e gravadora musical.

Para resguardar a autoria das músicas, criamos a Editora e Selo Jupará Records, com serviços de registro de músicas, produção e divulgação de discos. A Jupará é pequena, mas ousada - é associada à Latin American Music Association (do Grammy Latino) e está em vários diretórios internacionais.

A JR produziu mais 3 CDs da linha Jupará, o 98 Graus (com pop, reggae e rock) e o Xamêgo da Morena (de forró, xote e baião), todos apenas com composições de autores grapiunas, gravadas no sul da Bahia. No momento estudamos o Jupará 5, com distribuição apenas digital.

Para saber mais sobre os discos, vá em jupara.com.br. Na semana que vem vou contar como nasceram os principais programas da Morena FM, em seus 30 anos de ousadia.



A rádio Morena FM 98 completou 30 anos em dezembro de 2017, por isso seu fundador, Marcel Leal, conta aqui a história e as estórias da rádio mais ousada da Bahia.

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