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22.Março.2003

"As commodities ambientais são uma opção"

alternativa aos problemas do cacau, produto que foi seriamente afetado por falta de uma política regionalizada, conforme avalia a representante do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo e presidente da organização não-governamental Consultant Trader and Advisor (CTA), de defesa do meio ambiente, Amyra EL Khalili.
       Ela proferiu na terça-feira, 18, no auditório da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) de Itabuna, a palestra "Tendência no Mercado Internacional das Commodities Ambientais", onde afirmou que os projetos macroeconômicos brasileiros estão esgotados.
       A economista, que veio à Região Cacaueira para ajudar na elaboração da marca Chocolate Verde, acrescentou que o Brasil poderá ser dos poucos países não afetados pela guerra Estados Unidos/Iraque, e se souber utilizar os seus potenciais naturais, o país será o grande mediador do conflito. Nas quarta e quinta-feiras da semana passada, Amyra ministrou um curso sobre as commodities ambientais no Sul da Bahia, e concedeu entrevista exclusiva ao A Região.

A Região - Qual a importância do curso de commodities ambientais para o Sul da Bahia?
Amyra EL Khalili - A importância desse curso para o Sul da Bahia é até secundária, pois ele é mais relevante para a macroeconomia do Brasil. Por que digo isso? Porque só a partir da decisão regional e das perspectivas de regionalização da economia é que poderemos elaborar um projeto macro para o país. Então o curso de commodities ambientais tem importância nacional, e não só regional. Ele inverte as posições e o objetivo é descobrir como podemos conduzir a nossa política monetarista a partir da economia regional, porque a verdadeira moeda de um país são riquezas naturais e sua agricultura, não os papéis virtuais lançados nas bolsas de valores dos mercados de capitais.

AR - Qual a diferença do projeto econômico que vocês defendem para o existente?
AK - Ao contrário dos economistas da chamada "ortodoxia", que implantavam um projeto macroeconômico para o Brasil e depois o impunha às regiões sem analisar as suas individualidades, ou seja, um trabalho de baixo para cima, sem pesquisar cada região separadamente para definir um projeto que atendesse as necessidades de todo o país, defendemos um processo inverso. O Brasil é um país com ecossistema diferenciado, com extensão territorial continental, com diversidade cultural e com uma série de características diferenciadas entre as regiões - como se tivéssemos vários países dentro de um só - por isso não devemos aplicar um projeto econômico de cima para baixo.

AR - Quais os outros pontos negativos do projeto econômico ortodoxo?
AK - A imposição do modelo macroeconômico de cima para baixo cria um impacto social, com enormes vantagens de certas comunidades em detrimento de outras. Por que o modelo ortodoxo não pode dar certo aqui? Porque ele baseado no dos Estados Unidos e no Europeu, que foi imposto ao Brasil.

AR - E onde entra o cacau no novo modelo macroeconômico?
AK - O cacau é mais uma moeda para os brasileiros como o petróleo é para os árabes. O cacau é um produto estratégico para o país e deve ser tratado como tal, com políticas bem fundamentadas para que volte a ser um dos principais itens de exportação.

AR - Quais alternativas a senhora aponta para a crise regional?
AK - Primeiro vamos tentar descobrir quais as alternativas que a região tem para ser subsistente. Além do cacau, sabemos que os municípios regionais têm outras fontes de renda. A farinha de Buerarema por exemplo, é uma mercadoria, um potencial econômico, e se for produzida por mulheres de comunidades de assentamentos, mulheres que estão excluídas do topo da pirâmide, irá fazer a geração de mercado. Se trabalhada, essa pode se tornar uma grande moeda, uma enorme commodity para a economia regional.

AR - Mas isso é muito pouco se comparado com os produtos industrializados...
AK - É aí que está o erro. É uma situação que preocupa porque as pessoas estão sempre olhando para os ítens produzidos em grandes escalas, com mercados de enormes potenciais, e menosprezam o trabalho manual, cultural e artesanal que tem um valor espetacular.

AR - Com relação a essa proposta do chocolate verde (projeto que pretende colocar selo no chocolate produzido no estado), quais os benefícios para a economia regional?
AK - Ainda estamos debatendo qual é a tônica do projeto. Mas já temos consciência de que para formá-lo precisamos ter muito cuidado, pois a nossa economia é atípica, com juro alto e crescente. Lembro da situação econômica brasileira porque temos uma tendência de copiar modelos já existentes e corremos sempre o risco de implementar os que nunca funcionaram em determinados lugares. Costumo dizer que nos Estados Unidos podem se aplicar determinados modelos porque eles calculam uma taxa linear de juros, o que significa que lá uma pessoa que deve US$100 hoje, daqui há um ano vai pagar US$110. Ao contrário do brasileiro, que ao invés de US$10 por conta dos juros – fazendo a conversão para nossa moeda - pagaria centenas vezes a mais esse valor.

AR - A senhora acredita que o projeto de commodities ambientais está avançado?
AK - Estamos no caminho. O primeiro passo é repensar como produzir a mercadoria convencional e as commodities ambientais. Processo que é comparado a fazer um tratamento psicológico. É o mesmo que se sentar em frente a esse profissional e começar a dizer: olha, eu errei, acertei, ou então tenho um trauma, uma mágoa. Esse repensar implica em você mudar de compostura, comportamento, parceiros, fornecedores e sociedade. Estamos hoje numa fase de repensar como produzimos. É com esse pensamento que estamos começando a construir as commodities ambientais.

AR - O que falta para a região entrar na era das commodities ambientais?
AK - Existe um trabalho muito forte em tecnologia e pesquisa que podemos agregar ao Chocolate Verde. Além disso, percebi que há por aqui pessoas capazes de elaborar projetos sem a necessidade de importar estrangeiros. Esse curso (ministrado por ela na semana passada) fortalece a participação do Sul da Bahia no projeto de commodities ambientais, e com isso estão sendo dados os primeiros passos.

AR - Saindo um pouco de assunto commodities ambientais. Como a senhora vê o ataque dos Estados Unidos ao Iraque? Como esse conflito pode afetar o Brasil?
AK - Fiz previsões catastróficas, desagradáveis, amargas, que pouca gente queria ouvir. Tudo que está acontecendo neste momento eu previ anos atrás, escrevi e registrei para que não houvesse nenhuma dúvida. Acredito que o Brasil não será muito afetado com o conflito Estados Unidos e Iraque. Porque contamos com uma biodiversidade invejável e temos condições de abastecer o mundo com alimentos, água, remédios, pois dispomos de uma enorme quantidade de plantas medicinais. Então o país ocupa espaço privilegiado e poderá atuar como mediador nos conflitos internacionais. Pois só se intermedia conflitos apresentado soluções econômicas, não existe outro caminho, até porque a ação dos Estados Unidos é de fórum econômico e político

 

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