entrevista
17.Janeiro.2015



Augusto Castro, deputado estadual

“Não tenho muita pressa em ser prefeito”
augusto castro de Itabuna, afirma o deputado estadual Augusto Castro, reeleito com o dobro dos votos da eleição anterior. “Por enquanto, entendo que posso ajudar Itabuna na condição de deputado estadual, mesmo sendo da oposição”, garante.
     Davidson - O P Augusto conversou sobre partidos, economia, o novo governo de Rui Costa, o prefeito de Itabuna, problemas dos municípios e muito mais com o jornalista Marcel Leal no programa Mesa Pra 2, da rádio Morena FM (quartas, 15h). Confira.

A Região - Qual a sua expectativa para a Bahia em 2015?
       Este ano será de muita expectativa na Bahia. Tivemos mudança de governo e isso é salutar. Esperamos que este ano seja de melhoria de qualidade de vida do povo baiano, com avanços na educação, saúde, segurança pública, econômica e social.

O que há de positivo neste início de governo?
       Há sinalização de algumas medidas interessantes. Por exemplo, ele está querendo convocar cerca de 4 mil policiais que hoje atuam em ações burocráticas, em serviços em locais como Tribunal de Justiça da Bahia e Assembleia Legislativa, para reforçar a segurança nas ruas. Achei uma atitude correta, porque o policial prestou concurso para atuar na segurança do cidadão.

Tudo indica que será um ano difícil.
       O governo terá que adotar medidas firmes para ajustar a máquina administrativa. No ano passado o estado aumentou sua arrecadação em 8%, em relação a 2013 e o orçamento para 2015 é de quase R$ 40 bilhões, um volume ainda longe de atender as necessidades do povo baiano.
      Esse valor é metade do orçamento do Rio de Janeiro, que será de R$ 80 milhões. Rui promoveu corte de cargos, extinguiu três secretárias e órgãos como as Direcs, mas não basta. Tem que usar bem toda a máquina.

Quais as seriam as prioridades do governo?
       São muitas. A Bahia precisa melhorar urgentemente a segurança pública, aumentando o efetivo das polícias militar e civil, implantando novas bases comunitárias de polícia no interior. Contratando mais peritos e melhorando toda a estrutura das unidades do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Qual outra área em que a situação é preocupante?
       A saúde. Os hospitais e clínicas conveniados e as santas casas enfrentam muita dificuldade porque a tabela do SUS está ultrapassada. Por conta disso, o sistema de saúde de Itabuna e outros municípios enfrenta uma série crise. Para amenizar essa situação, o governo do estado terá que entrar com uma contrapartida. O governo precisa de uma ação rápida nos primeiros 90 dias.

Estão faltando ações para a geração de empregos no estado?
       É lógico que sim. Estamos precisando de políticas para atrair indústrias para as diferentes regiões. Municípios como Itabuna, Eunápolis, Jequié, Ilhéus e Vitória da Conquista necessitam urgente da instalação de novas empresas.
      O governo não trabalhou a descentralização das indústrias. As grandes empresas estão concentradas na região metropolitana de Salvador. A descentralização é importante.

Como você 2015 economicamente?
       O Nordeste ainda tem uma dependência muito forte do governo federal. É uma região que depende dos repasses de convênios e constitucionais, e dos programas de transferência de renda. Hoje, as prefeituras menores contam quase exclusivamente com o Fundo de Participação dos Municípios. Muitas vezes é a única renda certa. Já localidades como Itabuna e Ilhéus contam com ICMS e ISS.
      Penso que o Brasil vai passar por uma recessão muito grande até julho. Vamos pagar um preço muito alto, porque o setor produtivo retraiu, os preços estão subindo e as empresas demitindo. O interior precisa melhorar as receitas próprias sem criar novos impostos, porque a carga tributária é alta.

Como é sua relação com o novo governador e a bancada da situação?
       O político precisa manter relação respeitosa com os adversários, mas precisa seguir o que pregou na campanha. Não tem dificuldade nenhuma de convivência, mas mantenho a minha linha política. Tenho uma relação muito boa com parlamentares do PT, PCdoB e outros.
      Minha relação é excelente com o deputado comunista Fabrício Falcão, de Vitória da Conquista e Rosemberg Pinto, do PT daqui da região.

Você intermediou essa emenda que chega agorta para a saúde em Itabuna?
       Fui ao deputado federal Jutahy Magalhães, que é meu colega de partido, e pedi que garantisse um valor anual para a saúde de Itabuna. No ano passado ele garantiu R$ 1 milhão para equipamentos do Hospital de Base. Além disso, consegui com o senador João Durval outros R$ 480 mil para aquela unidade.

Os políticos retribuem os votos que recebem aqui?
       Os eleitores de nossa região votaram em mais de 200 candidatos nas últimas eleições. Mas entre os eleitos apenas Antônio Imbassahy e Jutahy Magalhães, além do senador João Durval, colocaram emendas para o Hospital de Base de Itabuna. Isso nos deixa muito triste. Sabemos da dificuldade da Santa Casa, que mantém hospitais com poucos recursos.
      Itabuna também enfrenta dificuldades na atenção básica, média e alta complexidade. Hoje o Hospital São Lucas enfrenta essa ameaça de fechamento. Penso que o Estado tem condições de manter o funcionamento do hospital.

Você não acha que os hospitais de Itabuna devem ser tratados como estaduais?
       O município é polo regional em saúde, é referência, é o segundo polo em prestação de serviços na saúde e volume de recursos. O estado tem seu hospital regional em Ilhéus, que recebe R$ 5, 5 milhões mensais. Itabuna também deveria contar com hospital regional ou gestão compartilhada. Outra alternativa é financiar o Base como se ele fosse estadual.
      Itabuna hoje tem uma demanda grande na área e só tem o município para assumir as despesas. Vou propor ao governador Rui Costa que ele repasse uma parte dos recursos para o Hospital de Base ou assuma o São Lucas. Isso até que fique pronto o Hospital da Costa do Cacau, no Banco da Vitória, em Ilhéus.

Os novos projetos de estrutura vão ajudar?
       O desenvolvimento do sul da Bahia depende dos investimentos em obras como a Ferrovia Oeste/Leste e o Porto Sul. A primeira obra tem andado, mas a segunda enfrenta enormes dificuldades, por causa da licença ambiental e podemos perder essa obra para outra região. Precisamos nos mobilizar para garantir, assim como a duplicação da Ilhéus / Itabuna.

Tem ainda a ponte do Pontal...
       Ainda não sabemos se será concluída tão cedo, porque a empresa está entre as denunciadas na operação Lava Jato. Essa obra de R$ 110 milhões precisa sair do papel, porque a atual ponte não comporta mais o movimento.
      Também precisa sair do papel o novo aeroporto, porque o Jorge Amado não dá conta do movimento. Mas para que o novo aeroporto saia é necessária a mobilização dos deputados estaduais e federais. Não é uma obra simples e demanda muitos recursos.

E como está a obra da barragem?
       É outra obra importante, porque o sistema de abastecimento de água de Itabuna não atende mais as necessidades. Uma empresa venceu a licitação e desistiu. O estado cancelou a licitação, fez uma nova e até aqui não foi concluído o processo. O governador Rui Costa prometeu essas obras estruturantes para a região do cacau e eu, na condição de deputado, vou cobrar que saiam do papel. O

Você vai assumir a liderança do bloco da oposição?
       O PSDB e Democratas, juntos, têm hoje 10 deputados na Assembleia. Sandro Regis será líder da bancada da oposição e nosso nome está cotado para a liderança dos dois partidos. Eu terei mais força para reivindicar e cobrar, com aval do prefeito de Salvador, ACM Neto e companheiros do PSDB.

Você é oposição ao prefeito de Itabuna, mas sua relação é boa, não?
       Tenho uma relação respeitosa com o prefeito Claudevane Leite, que conheço há mais de 20 anos. Tenho falado muito com ele sobre meu papel e me colocado à disposição para ajudar, porque o que mais importa é a vida da população.
      Acho que falta mais vontade do prefeito em executar algumas ações emergenciais. Ele é correto e sério, mas falta tomar decisões importantes, cobrar mais dos secretários, reivindicar mais dos governos.

Todo mundo quer saber se você será candidato a prefeito. Vai?
       Não tenho pressa. É claro que qualquer parlamentar sonha em um dia ser prefeito, ter a caneta na mão para realizar obras e implantar programas. Mas, por enquanto, entendo que posso ajudar Itabuna na condição de deputado estadual, mesmo sendo da oposição.
      Se já estão falando na eleição de prefeito é porque a população está sentindo que a máquina municipal não está funcionando. Quando a estrutura funciona, quase ninguém pensa tão antecipadamente na eleição.

O PSDB e PT se desestruturaram em Itabuna. Você vai reforçar o seu?
       A verdade é que o PSDB é um partido que tem a simpatia da sociedade e cresceu muito nessa eleição. Temos muitos nomes em Itabuna que podem representar o partido. São médicos, advogados, estudantes e trabalhadores das mais diversas áreas.
      Vamos organizar o PSDB Mulher, mobilizar a juventude e iniciar um processo de filiação para crescer o partido. Itabuna sempre foi uma cidade oposicionista e politizada. Uma coisa é certa: o candidato da oposição será único.


 
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